sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Fuzil x Bíblia, a realidade dos Caveiras de Cristo

A maioria dos soldados do BOPE que compõe o grupo Caveiras de Cristo, se converteu após escapar de algum conflito.

" Meu encontro com Deus aconteceu há quase 10 anos. Eu e um amigo fomos verificar um informe no Morro do Turano, no Rio Comprido. Só que nos deparamos com dois caras armados. Houve confronto e o parceiro acabou atingido no peito duas vezes por tiro de ponto 30. Não sabia dos seus ferimentos e o ouvi chamar meu nome. Fui até onde ele estava e me deparei com seu corpo. Depois, conversando com uma médica, ela me disse que era impossível ele ter falado, porque morreu instantaneamente. Enxerguei aquilo como chamado de Deus", conta o cabo André Moura, 36 anos. "

Há sete anos no Bope, o soldado João de Carvalho, 32 anos, teve a conversão ligada a outro motivo: a vida desregrada. "Estava sem expectativa. Bebia, ia para festas, era infeliz. Quando você é tocado, pensa em um monte de besteiras, mas não quer aceitar que é Deus falando".

Vivendo uma realidade diferente, porque lidam com armamentos pesados e têm como alvo acabar com a criminalidade, a favela também é um campo missionário. "Trocar o fuzil pela Bíblia e pregar para quem, no dia-a-dia, é alvo. Empenhado no que considera uma missão de vida, o sargento Valmir dos Santos, 42 anos, acredita que é possível conciliar atividades tão complexas e diferentes. Pastor há 13 anos, ele busca nos ensinamento do Evangelho a resposta para o que parece incompatível."

Para a antropóloga Elizabete Ribeiro Albernaz, 29 anos, que faz tese de mestrado sobre o Movimento Evangélico na Polícia Militar, as pregações nos cultos do Bope são pontuadas por termos que reproduzem o contexto de violência no qual estão submetidos os policiais. "Confesso que fiquei espantada com o fato de eles terem esse movimento. É uma tropa que está envolvida com armamento mais pesado, cenário truculento. Nas orações, percebi que a palavra guerra é muito citada. O Evangelho acaba suprindo a carência de quem é exposto ao contexto de conflito", analisa ela, que, para pesquisa, já entrevistou 40 PMs de vários batalhões.

Atualmente a PM tem 250 pastores e 13 mil congregados.O Bope é uma operação de salvar vidas", comentou o presidente da União dos Evangélicos da PM do Rio (Uepmerj), pastor Liodir Barreto, durante culto na unidade.

Fonte: O verbo

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